A Mente
A Mente - Resumo
A mente: processos cognitivos, emocionais e conativos
O que é a mente:
- Tradicionalmente, a mente era perspetivada como uma série de componentes cognitivas ou intelectuais, independentes umas das outras.
- Tinha-se uma conceção muito restrita de mente, associando-a a funções meramente cognitivas, nada tendo a ver com o corpo, com a sensibilidade e com as emoções.
- As conclusões dos estudos feitos pelos neurocientistas atestam que a mente é um sistema integrado de processos cognitivos, emocionais e conativos.
O que é a cognição:
- A cognição refere-se aos processos mentais ligados ao pensamento, ou seja, à compreensão, ao processamento e à comunicação do saber.
O que é a emoção:
- A emoção refere-se a aspetos afetivos, agradáveis ou desagradáveis, que acompanham as nossas vivências.
O que é a conação:
- A conação refere-se à dinamização para a ação, isto é, aos fatores motivacionais e intencionais da pessoa.
O carácter específico dos processos cognitivos
Como se caracteriza a perceção:
- A perceção liga-nos ao mundo: é ela que organiza e interpreta as sensações de modo a reconhecermos e identificarmos o que se passa à nossa volta.
A sensação corresponde à pura captação de estímulos pelos órgãos dos sentidos.
Captar é diferente de interpretar: as sensações apenas dão conta de que algo exterior nos impressiona os órgãos sensoriais.
A perceção, processo cognitivo que envolve a participação de áreas específicas do córtex cerebral, é que interpreta as sensações.
Não percecionamos todos os estímulos, o que nos beneficia, evitando que possamos cair num estado de confusão mental.
A possibilidade de alguns estímulos atingirem o cérebro e outros não deve-se a uma espécie de filtro selecionador designado por atenção.
A atenção é condicionada por vários fatores: uns, externos, inerentes aos estímulos do meio; outros, internos, inerentes ao ser humano.
Entre os fatores externos, contam-se a intensidade dos estímulos, o contraste, a luminosidade e o movimento.
Exemplos de fatores externos
Entre os fatores internos, contam-se as motivações, os hábitos, as expectativas, o estatuto social e a profissão.
Exemplo de fatores internos
A perceção é uma construção cerebral de cada um, pelo que a objetividade do mundo é interpretada subjetivamente em função dos significados que cada um atribui ao que o rodeia.
Entre os fatores de significação, contam-se a idade, o sexo, as motivações, a profissão, a experiência anterior, as expectativas, o estatuto social, etc.
O facto de, ao percecionar, cada sujeito projetar significações no que o rodeia, faz com que a perceção, mais do que uma cópia do mundo, seja uma construção recriada desse mesmo mundo.
A perceção social designa o processo como conhecemos os outros e como interpretamos o seu comportamento.
O contexto cultural marca o modo como se perceciona o mundo. Daí que um mesmo objeto, acontecimento ou situação seja percecionado de diferentes maneiras por sujeitos que pertencem a diferentes culturas.
Como se caracteriza a memória:
- O suporte da aprendizagem é a memória, que consiste no processo de recordar conteúdos previamente aprendidos e armazenados para futuras utilizações.
Segundo um modelo de inspiração cibernética, existem três etapas no processo de memorização (ou processo mnésico): 1. codificação; 2. armazenamento; 3. recuperação.
Além destes três mecanismos, o esquecimento também desempenha um papel fundamental no processo mnésico, pois permite a aquisição de novos conteúdos.
De acordo com este modelo, existem dois tipos de memória: a curto prazo e a longo prazo.
A memória a curto prazo é considerada o centro da consciência, pois corresponde às lembranças de que nos servimos em cada momento.
Se houver interferências, as informações deterioram-se e desaparecem, mas se houver repetição, as informações mantêm-se por mais tempo, podendo inclusivamente passar para a memória a longo prazo.
Neste tipo de memória, distinguem-se duas componentes complementares: a memória imediata e a memória de trabalho.
A memória imediata tem uma capacidade limitada a sete elementos e mantém-se apenas durante alguns segundos.
Na memória de trabalho, a informação mantém-se durante o tempo em que nos é útil. É uma memória, que permite a manutenção temporária, na consciência, da informação necessária para realizar uma tarefa.

A memória a longo prazo é o armazém de um grande número de informações, onde ficam retidas por tempo indeterminado.
Na memória a longo prazo distinguem-se, geralmente, dois tipos: a memória não declarativa e a memória declarativa.
A memória não declarativa corresponde às informações que se utilizam nos comportamentos motores dos quais não se tem consciência.
A memória declarativa ou explícita é uma memória verbalizável, constituída pelas memórias episódica e semântica.
A memória episódica corresponde aos acontecimentos pessoalmente vividos por uma pessoa num momento e num lugar determinados.
A memória procedimental é uma memória de hábitos e de estratégias usadas de forma automática.
Exemplos de memória procedimental
A memória semântica é a memória da linguagem.
O esquecimento é a incapacidade de recordar um conteúdo memorizado.

Existem diferentes causas do esquecimento, de entre as quais se destacam a deturpação do traço mnésico, a interferência de novas aprendizagens e a motivação inconsciente.
O esquecimento apresenta uma dimensão positiva, na medida em que filtra os conteúdos mnésicos, eliminando os de menor interesse e permitindo novas aquisições.
Como se caracteriza a aprendizagem:
- Em termos gerais, a aprendizagem é uma alteração relativamente estável do comportamento ou do conhecimento, devida à experiência, ao treino ou ao estudo.

- Existem diversos fatores que condicionam a aprendizagem, como, por exemplo, a inteligência, a motivação, as experiências anteriores e o meio sociocultural.
- A aprendizagem assume várias formas e expressões, distinguindo-se, assim, vários tipos de comportamento aprendido. Geralmente, distinguem-se aprendizagens não simbólicas (aprendizagem não associativa e associativa) de aprendizagens simbólicas.
Aprendizagem por habituação (não associativa):
- A aprendizagem por habituação (não associativa) ocorre quando, num determinado contexto, somos repetidamente expostos a um determinado tipo de estímulo e, por habituação, este torna-se de tal modo familiar que aprendemos a ignorá-lo, centrando a nossa atenção noutros acontecimentos mais importantes e informativos. Por, exemplo, depois de nos habituarmos a andar de autocarro, deixamos de ligar à trepidação, a menos que haja uma travagem mais brusca que capte a nossa atenção.

Aprendizagem associativa:
- A aprendizagem associativa consiste na associação de dois estímulos, ou de certos estímulos a determinados comportamentos. É o que acontece, por exemplo, quando associamos a luz do relâmpago ao som do trovão ou quando fazemos algo pelo prazer que nos proporciona, como comer um chocolate, por exemplo.
- O condicionamento clássico e o condicionamento operante são tipos de aprendizagem associativa.
- O condicionamento clássico, pavloviano ou respondente é uma aprendizagem que não envolve a vontade do sujeito; o sujeito é passivo. Dá-se pela associação de estímulos.


- O condicionamento operante é uma aprendizagem que envolve a vontade do sujeito; o sujeito é ativo. O comportamento é aprendido através do reforço, que pode ser positivo ou negativo.


Aprendizagem social:
- A aprendizagem social é a aprendizagem que fazemos em contexto social, através da observação e imitação daqueles que nos rodeiam. Este tipo de aprendizagem foi estudada por Albert Bandura.


Aprendizagem simbólica:
- Grande parte das aprendizagem que fazemos é através da linguagem e/ou outros códigos simbólicos. Através da manipulação de símbolos aprendemos significados e adquirimos conhecimentos e competências que podemos transmitir aos outros.